domingo, 30 de maio de 2010

I Festival Gastronômico GLS - participe e divulgue!

A Txai é parceira desta iniciativa da Câmara de Comércio GLS do Brasil, que promete agitar São Paulo. Vejam a divulgação realizada pela Câmara:

"Não é bom poder sair com os amigos, namorados e namoradas e saber que vai gastar pouco, se divertir e ser bem atendido?

É exatamente essa a proposta que a Câmara de Comércio GLS do Brasil trás para São Paulo! Entre os dias 2 e 13 de junho de 2010 acontecerá o 1ª Festival Gastronômico GLS da cidade, onde você poderá desfrutar momentos super agradáveis, com pratos e drinks elaborados para você.

Todas as casas participantes do festival selecionaram um prato e/ou um drink, que custarão o valor fixo de R$ 24,00 e 9,90 respectivamente. Consulte os restaurante e bares participantes e aproveite o melhor da gastronomia da Cidade de São Paulo.

O 1ª Festival Gastronômico vem com o objetivo de fortalecer, desenvolver e aprimorar o comércio, o serviço e principalmente o atendimento prestado ao segmento GLS, mostrando que esse exigente público prima além de um bom serviço, um atendimento impecável, sem qualquer diferenciação.

Este festival conta com o apoio da Associação Brasileira de Turismo para Gay, Lésbicas e Simpatizantes – ABRAT GLS, Casarão Brasil – CABAG, Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual – CADS, Faculdade de Tecnologia em Hotelaria, Turismo e Gastronomia de São Paulo – HOTEC, São Paulo Turismo – SPTURIS, Txai Consultoria, Convention & Visitorsbureau. Maiores informações consulte www.camaragls.com.br" - Câmara de Comércio GLS

Fashion Rio: Negritude no desfile de Walter Rodrigues - Geledés Instituto da Mulher Negra

Quando escrevi o artigo "Cafona é ser Racista" no Portal do Geledés, estava indignado com algumas falas dos profissionais da moda brasileira.

Eles diziam que não havia modelos negros para se justificar frente à demanda do momvimento negro e das medidas do Ministério Público.

Walter Rodrigues caprichou, colocou foco na África e trouxe modelos negras para a passarela.

Continuo afirmando que cafona não é a discussão sobre o racismo, mas é ser racista.

Walter, parabéns pelo desfile e pela visibilidade que deu às modelos negras brasileiras. Será que foi tão difícil assim conseguir essas profissionais fantásticas?

Veja a cobertura e o vídeo no Portal do Geledés - Fashion Rio: Negritude no desfile de Walter Rodrigues - Geledés Instituto da Mulher Negra

Seminário "Ações e reflexões sobre aids e deficiência: diferentes vozes"

Conheça o blog e divulgue o seminário “Ações e reflexões sobre aids e deficiência: diferentes vozes". O evento será realizado dias 23 e 24 de junho próximo, no auditório do Instituto APAE de São Paulo, à Rua Loefgren, 2109, no bairro de Vila Clementino, na cidade de São Paulo (SP).


O objetivo do evento é dar voz a diferentes atores e segmentos sociais que trabalham com temas ligados ao HIV/aids e deficiência, visando relatar iniciativas e projetos de prevenção e tratamento e também estimular reflexões, dando visibilidade a temas ainda cercados por preconceitos e tabus.


Ações e reflexões sobre aids e deficiência: diferentes vozes

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Racismo? Que racismo? A moça vítima está no hospital e o agressor solto...

No Portal do Geledés há várias notícias sobre esse caso vergonhoso de agressão ocorrida contra uma estudante negra na Universidade Federal da Paraíba. Aconteceu lá, mas acontece também em outros lugares. Paraibanos revoltados com a repercussão do fato não precisam sofrer sozinhos, infelizmente.

Como brasileiro, peço desculpas por essa vergonhosa agressão contra a moça da Guiné Bissau, que está no Brasil por conta de um acordo de cooperação. Que cooperação!

Houve um assédio de um vendedor de cartões de crédito no campus da Universidade. A estudante não gostou, exigiu respeito e foi agredida a ponto de ser hospitalizada. Vendedor de cartão de crédito na UFPB? De qual empresa será? Não terá recebido na Universidade ou da sua empresa alguma orientação sobre comportamentos esperados nesta sua atividade?

Não bastasse o fato ser vergonhoso, a fala das autoridades (a delegada) e mesmo do coordenador da Ação Comunitária da UFPB, entrevistado por TV local, são ainda mais vergonhosas. A delegada liberou o agressor e defende (?) que não houve violência, que não é racismo etc e tal. O coordenador da UFBP diz que "a Universidade está lá para educar e não para fazer a parte repressiva". O que será que ele quis dizer com isso?

Foi erro da TV e sua edição, confundindo as matérias, evidentemente. Não houve racismo porque a moça é um ser humano. Não há negros ou brancos, não é assim que defendem os neo-racistas? E não houve agressão passível de prisão porque, afinal, alguns seres humanos, mais que outros, devem se submeter passivamente a humilhações e assédios. Se reagirem, é natural que alguns seres humanos, mais que outros, devem apanhar a ponto de ir pro hospital... Ando muito irônico ultimamente, me desculpem, mas é que é duro enfrentar tanto cinismo com a paciência histórica que eu mesmo defendo.

Vejam o caso no site da TV Parabaíba 1 - http://www.paraiba1.com.br/Noticia/42342_AMIGOS+DA+ESTUDANTE+AGREDIDA+NA+UFPB+PEDEM+FIM+DA+VIOLENCIA.html

Vejam também no Portal do Geledés. Procurador pede para substituir delegada que negou racismo na UFPB - Geledés Instituto da Mulher Negra

sexta-feira, 21 de maio de 2010

21 de maio - Dia Mundial da Diversidade Cutlural para o Diálogo e o Desenvolvimento

No dia de hoje comemoramos o Dia Internacional da Diversidade Cultural e estamos também no ano Internacional da aproximação das culturas, todos relacionados às atividades da UNESCO no mundo.

Este ano internacional é mais um reforço na longa trajetória da humanidade por "viver melhor juntos", respeitando e considerando as diferenças em ambientes plurais e que promovem equidade.

Desde 2001 há essa data e apresento abaixo alguns trechos da Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural:

"(...) a cultura deve ser considerada como o conjunto dos traços distintivos espirituais e materiais, intelectuais e afetivos que caracterizam uma sociedade ou um grupo social e que abrange, além das artes e das letras, os modos de vida, as maneiras de viver juntos, os sistemas de valores, as tradições e as crenças."

"(...) a cultura se encontra no centro dos debates contemporâneos sobre a identidade, a coesão social e o desenvolvimento de uma economia fundada no saber."

"(...) o respeito à diversidade das culturas, à tolerância, ao diálogo e à cooperação, em um clima de confiança e de entendimento mútuos, estão entre as melhores garantias da paz e da segurança internacionais."

"IDENTIDADE, DIVERSIDADE E PLURALISMO - Artigo 1 – A diversidade cultural, patrimônio comum da humanidade - A cultura adquire formas diversas através do tempo e do espaço. Essa diversidade se manifesta na originalidade e na pluralidade de identidades que caracterizam os grupos e as sociedades que compõem a humanidade. Fonte de intercâmbios, de inovação e de criatividade, a diversidade cultural é, para o gênero humano, tão necessária como a diversidade biológica para a natureza. Nesse sentido, constitui o patrimônio comum da humanidade e deve ser reconhecida e consolidada em beneficio das gerações presentes e futuras.

Artigo 2 – Da diversidade cultural ao pluralismo cultural - Em nossas sociedades cada vez mais diversificadas, torna-se indispensável garantir uma interação harmoniosa entre pessoas e grupos com identidades culturais a um só tempo plurais, variadas e dinâmicas, assim como sua vontade de conviver. As políticas que favoreçam a inclusão e a participação de todos os cidadãos garantem a coesão social, a vitalidade da sociedade civil e a paz. Definido desta maneira, o pluralismo cultural constitui a resposta política à realidade da diversidade cultural. Inseparável de um contexto democrático, o pluralismo cultural é propício aos intercâmbios culturais e ao desenvolvimento das capacidades criadoras que alimentam a vida pública.

Artigo 3 – A diversidade cultural, fator de desenvolvimento - A diversidade cultural amplia as possibilidades de escolha que se oferecem a todos; é uma das fontes do desenvolvimento, entendido não somente em termos de crescimento econômico, mas também como meio de acesso a uma existência intelectual, afetiva, moral e espiritual satisfatória.

DIVERSIDADE CULTURAL E DIREITOS HUMANOS - Artigo 4 – Os direitos humanos, garantias da diversidade cultural - A defesa da diversidade cultural é um imperativo ético, inseparável do respeito à dignidade humana. Ela implica o compromisso de respeitar os direitos humanos e as liberdades fundamentais, em particular os direitos das pessoas que pertencem a minorias e os dos povos autóctones. Ninguém pode invocar a diversidade cultural para violar os direitos humanos garantidos pelo direito internacional, nem para limitar seu alcance."

Lembrar essa Declaração é uma forma de complementar meu artigo "O importante é a diversidade de ideias", publicado esta semana no site no Portal do Geledés, Instituto da Mulher Negra. A diversidade cultural implica o compromisso de respeitar os direitos humanos e promover equidade, sem sumir com as diferenças, mas buscando a pluralidade cultural como forma de "vivermos melhor juntos", como diz a UNESCO. Diversidade cultural é algo um pouco mais complexo...

21 de mayo: Día Mundial de la Diversidad Cultural para el Diálogo y el Desarrollo Cultura UNESCO

quarta-feira, 19 de maio de 2010

“O importante é a diversidade de ideias” Reinaldo Bulgarelli no Portal do Geledés

O Portal do Geledés é o site do momento quando o assunto é a questão racial, gênero, visões e propostas para o país considerando os brasileiros, todos.

Saiu hoje mais um artigo meu inédito que fala sobre a onda do momento no meio empresarial: o importante é a diversidade de idéias.

Com o artigo de Edson Cardoso, que foi publicado no Portal esta semana, me animei de enviar o artigo. Edson também alerta sobre o perigo de tratarmos como algo "superficial" a questão racial.

No meu artigo, lembro frase famosa de Paul Valéry: "o que há de mais profundo é a pele".

O artigo é duro, pode ser até que crítico e irônico demais, mas lembro que estes profissionais que andam defendendo a importância das ideias estão colocando suas empresas em risco e afastando-as da riqueza da diversidade.

Boa leitura! “O importante é a diversidade de ideias.” - Geledés Instituto da Mulher Negra

terça-feira, 18 de maio de 2010

18 de maio - Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes

Ana Maria Drummond é diretora-executiva da Childhood Brasil, organização que trabalha pela proteção da infância contra o abuso e a exploração sexual. Ela tem um artigo publicado na Folha de São Paulo de hoje - Tendências e Debates. Seguem trechos do artigo.

"NO DIA 18 de maio de 1973, no Estado do Espírito Santo, uma menina de oito anos chamada Araceli foi raptada, drogada, violentada, morta e carbonizada. Seus responsáveis nunca foram punidos. Esse crime, que chocou todo o país, foi escolhido no ano 2000 para ser o marco do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes no Brasil, instituído pela lei nº 9.970/00."

(...) "O setor privado vem assumindo a sua parcela de responsabilidade sobre a causa, a cobertura jornalística do fenômeno está aos poucos se qualificando e, de modo geral, podemos dizer que a sociedade está mais receptiva ao diálogo sobre a importância do respeito ao direto de crianças e adolescentes a um desenvolvimento pleno e saudável. Entretanto, a proteção a esses direitos fundamentais só pode ser concretizada de forma eficaz por meio de ações integradas entre governos, empresas, organizações sociais e sociedade em geral."

(...) "O abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes são fenômenos multicausais e, ao contrário do que muitos ainda podem pensar, ocorrem de norte a sul do país e de maneira transversal em todas as camadas sociais. Outro ponto a ser considerado é que, embora os estímulos ao sexo sejam encontrados em várias interfaces, o diálogo e a educação sexual continuam considerados tabus. Conversar sobre sexo com os filhos não é estimulá-los. Faz parte do nosso papel de proteção instruir crianças e adolescentes sobre sexualidade saudável, sobre prevenção. O que vemos é que, apesar do entendimento legal sobre os direitos infantojuvenis, retirar de seus ombros a culpa por um abuso sexual, por exemplo, persiste ainda como um grande desafio."

(...) "Somente mudando olhares e atitudes frente a problemas que antes pareciam distantes de nós é que poderemos caminhar para uma sociedade mais justa e harmônica, na qual os direitos humanos, especialmente os dos pequenos cidadãos em desenvolvimento, sejam devidamente assegurados. Dia 18 de maio é o grande estandarte dessa luta!"

Para conhecer melhor a Childhood Brasil, visite o site: http://www.wcf.org.br/default.htm

domingo, 16 de maio de 2010

17 de maio - Dia Internacional contra a Homofobia

Mensagem de Toni Reis, da ABGLT, sobre a 1ª MARCHA NACIONAL CONTRA A HOMOFOBIA, para o 17 de Maio – Dia Internacional de Combate à Homofobia: "A comemoração do dia 17 de Maio – Dia Internacional de Combate a Homofobia, deste ano terá uma programação especial para os milhares de militantes que lutam pelos direitos humanos e cidadania de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais – LGBT.

Por meio de um conjunto de atividades que vão de 17 a 19/05/2010, em Brasília-DF, a Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais- ABGLT realizará uma grande mobilização social que culminará com a I Marcha Nacional contra Homofobia e I Grito pela Cidadania LGBT, tudo para lembrar o dia 17 de Maio de 1990, que marca a retirada, pela Organização Mundial de Saúde, da homossexualidade da classificação internacional de doenças.

Nos dias 17 e 18/05/2010, a juventude da ABGLT, em parceria com os movimentos estudantil e juvenil, realizará um seminário na Universidade de Brasília – UnB, que tem o tema “UnB fora do armário!” O objetivo é debater vários temas relacionados às questões LGBT e à interface com os movimentos sociais das quais a juventude participa, além de denunciar os constantes casos de homofobia que vêm acontecendo nas universidades.

No dia 18/05/2010 acontece o VII Seminário de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais no Congresso Nacional, que tem o tema: “Direitos Humanos de LGBT: Cenários e Perspectivas” (cartaz e programação abaixo). O evento, que vem sendo realizado anualmente desde 2004, será realizado no Auditório Nereu Ramos na Câmara dos Deputados. O Seminário contará com a presença de vários parlamentares, advogados, gestores públicos, pesquisadores e militantes que estarão debatendo os temas que envolvem as principais reivindicações do movimento LGBT brasileiro. Na solenidade de abertura o Hino Nacional será entoado pela cantora Angela Leclery. O Seminário é promovido pelas Comissões de Legislação Participativa, Direitos Humanos e Minorias, e Educação e Cultura, da Câmara dos Deputados, em parceria com a ABGLT. Programação e Inscrições pelo link:
No dia 19/05/2010, a partir das 9h, na Esplanada dos Ministérios, em frente à Catedral Metropolitana de Brasília, acontecerá a concentração da I Marcha Nacional contra a Homofobia e I Grito Nacional pela Cidadania LGBT e contra a Homofobia (cartaz abaixo). O local será o ponto de encontro de várias caravanas vindas das 27 unidades da federação. No início da Marcha, a atriz e cantora Jane di Castro entoará o Hino Nacional. A partir das 10h30, milhares de militantes LGBT e também de outros movimentos sociais sairão em caminhada pela Esplanada dos Ministérios em manifestação de reivindicação das principais demandas da ABGLT:
• Garantia do Estado Laico (Estado em que não há nenhuma religião oficial, as manifestações religiosas são respeitadas, mas não devem interferir nas decisões governamentais)
• Combate ao Fundamentalismo Religioso.
• Executivo: Cumprimento do Plano Nacional LGBT na sua totalidade, especialmente nas ações de Educação, Saúde, Segurança, Direitos Humanos, Trabalho e Emprego, entre outros, além de orçamentos e metas definidas para as ações.
• Legislativo: Aprovação imediata do PLC 122/2006 (Combate a toda discriminação, incluindo a homofobia).
• Judiciário: Decisão Favorável sobre União Estável entre casais homoafetivos, bem como a mudança de nome de pessoas transexuais."

Veja mais notícias no site: .:: ABGLT ::.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Está nas bancas a edição 968 da Revista Exame com uma matéria de capa muito interessante e que fala sobre o maior mercado emergente do mundo: as mulheres! A revista diz que elas, juntas, despejaram 12 trilhões de dólares na economia mundial em 2009. Só no Brasil, ainda segundo a revista, foram 800 bilhões de reais.
Sem pensar muito no que isso significa para o mercado interno, as empresas, mesmo as grandes, ainda apresentam dados incompatíveis com a realidade do século XXI. São poucas mulheres em cargos de liderança e encontrando, desde a posição mais básica da empresa, um labirinto cheio de obstáculos a tudo que é reconhecido como feminino.

As empresas deste século ainda são masculinas, masculinizadas e masculinizantes. Não é estranho que mantenham esses padrões machistas mesmo quando estes dados divulgados pela Exame convocam a objetividade capitalista mais crua e, muita vezes cruel? O importante é o lucro?

Não, não é. O machismo consegue se colocar como algo mais importante que o lucro quando vemos que ainda há apenas 11,5% de mulheres em cargos executivos, segundo pesquisa do Ethos de 2007. Tomara que 3 anos depois possamos encontrar outros dados, quem sabe 12,5%?

Pagina22 - Brick in the wall

Foi publicada na Revista Página 22, uma matéria fruto do casamento entre o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getulio Vargas e jornalistas independentes. Eu contribuí falando sobre educação, sustentabilidade e diversidade, claro! A matéria é de Amália Saflate, velha conhecida nas boas produções sobre sustentabilidade com visões amplas e avançadas do tema. Segue um trecho da matéria: (...) "Ele (Carlos Brandão, da UFMG) cita o físico norte-americano Thomas Kuhn, para quem foram a aproximação e a reorganização do conhecimento, e não o acúmulo dele, que levaram ao desenvolvimento da ciência, da cultura e da sociedade. Segundo Kuhn, essa aproximação e essa reorganização se devem menos às descobertas e invenções do que a um novo olhar depositado sobre as mesmas coisas e os mesmos conteúdos já existentes. Para Brandão, esse olhar que atravessa os conhecimentos, impulsionado por algo que está além e aquém das disciplinas, é um sintoma de transdisciplinaridade.


Um olhar diferente que, pela inovação que apresenta e o desafio que provoca, teria potencial de envolver e estimular os alunos.

Brick in the wall

Para começar, esse olhar disciplinar, voltado para a compreensão dos diversos níveis de realidade, se faz necessário para romper os muros que costumam separar as escolas do seu entorno, especialmente as particulares. “Será que as escolas estão em contato com a comunidade à sua volta? Se houvesse mais porosidade, a educação para a sustentabilidade aconteceria naturalmente, pois esta é, sobretudo, transversal”, diz Reinaldo Bulgarelli, especialista em temas da diversidade e professor da Eaesp na área de responsabilidade social corporativa. Ele compara muitas escolas particulares a shopping centers, que fazem o aluno esquecer o lado de fora e acabam por formar ambientes segregacionistas.

Ainda que políticas do governo busquem criar oportunidades de inclusão por meio do sistema de cotas e do Programa Universidade para Todos (ProUni), o ensino de qualidade no Brasil, como se sabe, é acessado principalmente pelas classes favorecidas, perpetuando a imobilidade social.

“Quem está discutindo sustentabilidade é uma elite, mas ser sustentável é ser inclusivo”, afirma. A seu ver, o desrespeito à diversidade ainda é tão grande na sociedade brasileira que chega a ser sentido em turmas mais homogêneas. Bulgarelli descreve as queixas das alunas em grupos de discussão dos quais participa. “Até as brancas e ricas sofrem discriminação. Elas dizem: ‘Eu estudo tanto quanto meu colega, mas no mercado de trabalho é ele que vai ser meu chefe. Se é assim, prefiro não lutar por um cargo de chefia, vou tentar equilibrar o trabalho com a satisfação na vida pessoal’.” Por isso, segundo Bulgarelli, tem uma turma imensa de mulheres montando o próprio negócio ou optando por uma vida fora do País.

Já nas escolas públicas o problema é a porosidade à violência. “Diria até que em alguns casos há conivência, pois não se interpõe um filtro, não se executa um projeto para trabalhar a questão”, diz. E descreve situações que parecem banais, mas podem marcar profundamente as crianças e causar ressentimento ou revolta. Em geral, os professores, que se colocam como detentores do conhecimento, são brancos, e os alunos, negros. Nas creches, as crianças brancas costumam ser penteadas pelas professoras brancas, que não têm o know-how de pentear o cabelo das crianças negras. Estas acabam penteadas pela merendeira, pela copeira, que estão abaixo na hierarquia de poder nas escolas. Assim, diz Bulgarelli, o momento de ser arrumado, de ser cuidado, do prazer desse contato físico e emocional, vem com uma carga de segregação.

Será um tipo sutil de violência, ainda que não intencional? Que efeitos isso pode ter nos corações e mentes dessas crianças e como isso vai afetar a sua formação na escola e na sociedade?

“A ciência não deu conta do sofrimento do homem”, diz Maria de Mello, do Ciret. O ensino, enquanto mero transmissor do conhecimento científico, não dará conta das demandas e das carências da humanidade.


Pagina22 - Informação para o novo século

domingo, 9 de maio de 2010

Veja 12 de maio: Gays: o começo do fim do preconceito


Diferente da pesquisa que revela muito preconceito contra pessoas LGBTs nas escolas, a matéria da Veja desta semana fala em começo do fim do preconceito.

A matéria apresenta depoimentos de jovens e de pais, chamando a atenção para as mudanças em curso na sociedade.

Escolas, empresas e outras organizações estão se dando conta desta realidade e considerando-a em tudo que são e fazem?

Especial - Gays: o começo do fim do preconceito - Edição 2164 - Revista VEJA